Reino Metazoa - Filo Chordata - Introdução e Protocordados
FILO CHORDATA
O
filo Chordata (do latim chorda, corda)
compreende três grupos de animais: Urochordata (urocordados); Cephalochordata
(cefalocordados); Craniata (craniados – estes que, antigamente, eram
considerados como sendo apenas “vertebrata”, no entanto existem representantes
do grupo que não contêm tal característica). A sua origem, entretanto, é um
tanto quanto contraditória e duvidosa... Muitos estudiosos têm se empenhado na
busca pela origem destes animais tão diversificados, porém, até hoje, tal
resposta é considerada abstrata.
Os
cordados têm um ancestral comum com algum outro grupo de invertebrados. Este é
um fato inquestionável. Por outro lado, sabe-se também que estes grupos (outros
invertebrados e cordados) se diversificaram a mais de 500 m.a. Este fato é
responsável por gerar dificuldade no reconhecimento do grupo irmão dos
Cordados; pois, faltam muitos fósseis intermediários, e as formas viventes são
altamente derivadas (dado o longo tempo evolutivo). Assim, é natural que
diversas hipóteses à apresentada questão surjam ao longo do tempo.
Na
primeira filogenia conhecida, que inclui os vertebrados, Lamarck (1809) evidencia anelídeos e moluscos como grupos irmãos de
vertebrados. Cabe ressaltar que qualquer grupo de invertebrados que escolhamos
não pode ser convertido diretamente da sua forma moderna para um cordado sem
uma reorganização drástica. Consultamos os grupos atuais para buscar pistas
sobre seus ancestrais. Atualmente usamos até técnicas moleculares para
reconstrução filogenética, mas mesmo estas variam de acordo com o método e são
também consideradas hipóteses dinâmicas, puramente descritivas. Isto é, não
informam sobre como e porque as mudanças ocorreram, o que seria interessante,
visto que as hipóteses devem se basear em novidades/mudanças morfológicas com
valor adaptativo
a) Annelida e/ou
Artropoda (prós: Saint-Hilaire 1822 (lagostas); Gaskell & Patten 1912
(ambos grupos); contras: Cuvier 1830): Hipótese
da inversão
Prós |
Contras |
Segmentação |
A
segmentação dos artrópodes faz parte do exoesqueleto ao invés da segmentação
em miótomos dos cordados; foi visto também que ela surgiu múltiplas vezes na
filogenia |
|
Exoesqueleto
ao invés de endosqueleto |
Tubos
similares, invertidos |
Tubos
similares, torcidos |
|
Posição
usual da boca e do ânus dos cordados é ventral (ao inverter se voltaria para
o alto, necessitando migração ventral), não há vestígios embriológicos nos
cordados deste evento |
Regionalização
do cérebro (prosencéfalo e mesencéfalo) |
Tubo
neural oco (Chordata) x sólido – e sua embriologia é distinta. |
Sistema
excretor similar (Annelida) |
a)
Clivagem radial (Chordata) x espiral |
|
Deuterostômios
(Chordata) x protostômios |
Lovtrup (1977) coloca
novamente artrópodes como grupo irmão dos Chordata, ignora embriologia
(protostômios), morfologia e o registro fóssil. Baseia-se em fisiologia,
química e histologia: para ele, estes caracteres eram mais conservativos
(estáveis) do que a morfologia; assim, se dois animais possuíssem mais
substâncias químicas em comum, mais relacionados estariam. Mas, sabemos hoje
que a fisiologia dos animais é muito plástica e evolui mais rápido que a
morfologia. Assim, foi logo desconsiderada.
b) Ambulacraria /
Echinodermata (Garstang ~ 1900): Hipótese
Auriculária (nome da larva dos pepinos-do-mar).
Prós |
Contras |
Simetria
Bilateral |
Musculatura
caudal não segmentada (larva de Acídia) |
Deuterostômios |
Intestino
(larvas de acídias) se abre no átrium (= não homólogo) |
Presença
de fendas faríngeas, ajudando a alimentação de suspensão |
|
Surgimento
da notocorda ajudando a locomoção muscular |
|
Cordão
nervoso dorsal |
|
À primeira vista
parecia forçado que um ancestral como uma estrela ou pepino do mar seriam
relacionados aos cordados (pés tubulares, placas de carbonato de cálcio,
simetria pentarradial), mas... as larvas são bastante similares com de um
cordado (simetria bilateral, e posições das partes internas). Faixa ciliada circum-oral deu origem ao
cordão nervoso; a faixa ciliada adoral deu origem ao Endóstilo.
Da larva diplêurula
(ancestral hipotético), teriam surgido também a notocorda e a musculatura segmentar. O sistema nervoso rudimentar
serviria basicamente para controlar a natação. Natação é uma pré-adaptação ao
aumento do corpo (relação superfície/volume – os cílios não dariam conta de uma
natação eficiente, pois o animal teria o mesmo número de cílios, ou os cílios
teriam que fazer mais força para mover o animal). Isto pode ter sido altamente
adaptativo. Os cílios adorais (não
ajudariam na dieta de um animal maior que nada ativamente com a boca aberta)
transformados em Endóstilo teriam mais valor adaptativo.
No entanto, essa
hipótese se baseia em outra hipótese, para explicar a origem dos vertebrados, que
em dado momento as larvas de Urocordados (ascídias), considerado até então como
grupo irmão de Chordata, sofram pedomorfose*
(por pedogênese* provavelmente) e atinjam a maturidade sexual como larvas
livre-natantes e não como organismos sésseis (como a maioria das Ascídias).
Essa possibilidade enfrenta argumentação
contrária por alguns, pois a fase
larval tende a ser breve para evitar intensa pressão de predação.
- PEDOMORFOSE
Presença de caracteres
dos juvenis (ou formas larvais) nos adultos. Pode ocorrer por diferentes
processos como neotenia (crescimento
somático retardado) ou pedogênese (desenvolvimento sexual acelerado).
Apesar disto, com o
estudo da embriologia é marcante as semelhanças entre as larvas. Uma boa
prática seria comparar as larvas de anfioxos
(Cephalochordata) com feiticeiras (Ptromyzontida).
Os estudos do desenvolvimento embrionário também forneceram fortes evidencias
para o agrupamento dos vertebrados como demonstrado em trabalhos de Ernst
Haeckel.
Inicialmente Garstang
considerava os Hemicordata como intermediários entre Equinodermos e Cordados.
Todavia, atualmente os Hemicordados são considerados grupo irmão de
equinodermos e o seu respectivo ancestral deveria ser comum aos cordados. Isto
na verdade só corrobora com sua hipótese, torando-a mais simples, visto que
necessita de um passo a menos de explicação.
De fato até existiu
também a Hipótese dos hemicordados
(Bateson, 1886; Gogdwin, 1917):
Prós |
Contras |
Simetria
Bilateral |
|
Deuterostômios |
|
Presença
de fendas faríngeas |
|
Estomocorda
(similar à notocorda) [outrora chamada de Hemicorda] |
Analogia
e não homologia (estomocorda tem desenvolvimento embrionário distinto e não
tem colágeno = estrutura distinta) |
Cordão
Nervoso Dorsal |
Em
2003 (Marc Kirschner) descobriu-se que não era dorsal, e sim uma rede difusa
por todo o corpo, inclusive ventralmente. |
Por
outro lado encontraram muitos Hox genes homólogos aos de vertebrados,
codificando as mesmas partes |
|
Independente de serem Hemicordados ou Echinodermata agora
eles são grupos irmãos e seu ancestral é comum aos dois grupos (Ambulacraria e
Chordata). Quando a descentralização do sistema nervoso ocorreu? Ou é o modo
ancestral dos cordados? São perguntas que podemos fazer e ainda não foram
respondidas.
Northcutt
& Gans (1983) adotam um ponto de vista funcional e
evidenciam que a grande irradiação entre cordados e Craniata é a mudança na
alimentação: filtração para predação.
O interessante dessa hipótese foi que sugeriram os passos evolutivos entre
protocordados (EchiHemicUrocCepha: EHUC) e os Chordata. Alimentação por filtração – respiração faríngea + predação –
eletrorrecepção – capacidade de morder. Para isso sugerem um grupo de
“pré-vertebrados”, mas que não existem fósseis ainda.
Jeffries
(1986) complementa as propostas anteriores sugerindo
alguns grupos fósseis como intermediários/ancestrais [novidade], os grupos de
“Calcichordata” (atualmente inseridos em Echinodermata).
Tanto a hipótese de Jeffries como a de Northcutt & Gans não
envolvem transformação pedomórfica – que para muitos é demasiadamente
especulativa. Todavia, nem essas
nem mesmo a hipótese de Garstang podem
ser falseadas. As hipóteses de Jeffries e Northcuut & Gans são
contraditórias em certo ponto: no
primeiro caso o que foi definitivo para a origem dos Craniata foi o alongamento
do tronco dos Calcichordata, ao passo que para Northcuut & Gans teria sido
a cabeça diferenciada o fator crítico para a origem dos Craniata.
Atualmente digo que a
inclusão de mais terminais geralmente melhora as filogenias. Mas, este não é o
caso nessa história. A inclusão dos Conodontes só alimentou as discussões, pois
foram colocados ora entre Agnatha e Gnatha ou ainda dentro dos Gnathostomata ou
ancestral aos Craniata.
A hipótese Auriculária é uma das mais aceitas
atualmente (ou uma das mais conhecidas), mas a confusão não para por aí. Mesmo
dentro dos Chordata existe uma longa discussão.
Hipóteses sobre relação
entre os Chordata:
Os Chordata podem ser
divididos em 3 grupos: Urochordata (Tunicados / Ascídias), Cephalochordata
(Anfioxo) e Craniata (Vertebrados). Entre 1928 até hoje diversas árvores foram
propostas com todos arranjos possíveis. Mas, baseado em uma análise molecular
complexa em 2006 os Tunicados são colocados como grupo irmão dos Craniata. Em
2008 um novo estudo molecular coloca os Cephalocordados como grupo irmão
(realmente Cephalochordata tem mais semelhanças). Em 2009 voltam a colocar os
Tunicados como irmão. Assim, vejam que a situação ainda não está definida. Em
uma análise recente (2008) sobre filogenia funcional (levando-se em
consideração não só a morfologia, mas também a função das estruturas – algo que
tem se mostrado mais preciso do que a fenética tradicional), Tunicata e Acrania
(= Cephalochordata) são grupos irmãos e seu ancestral comum divergiu de
Craniota (Craniata).
Independente de quem é
o grupo irmão de quem, é importante conhecermos todos, pois o grupo irmão dos
vertebrados nos ajuda a entender a origem dos vertebrados e o grupo que ficar
mais basal na filogenia (e os anfioxos estão sendo os mais cotados para assumir
essa posição), nos ajuda a compreender a origem dos Chordata. Além disso, todos
sendo cordados devem compartilhar semelhanças (caracteres derivados
exclusivos). São as famosas cinco sinapomorfias:
·
Presença de Notocorda (em ao menos uma
fase da vida);
·
Cordão nervoso dorsal oco;
·
Cauda pós-anal (em ao menos uma fase da
vida);
·
Fendas faríngeas (em ao menos uma fase
da vida);
·
Endóstilo.
Apresentada uma breve
introdução a respeito deste grande e diversificado filo de animais do qual
fazemos parte, partamos, então, para uma mais detalhada explicação acerca das
características gerais do filo e dos grupos supracitados que o compõe.
1. Características
Gerais
·
Compreende 3 grupos de animais:
Urochordata (urocordados); Cephalochordata (cefalocordados); Craniata
(craniados).
·
Representantes mais conhecidos: peixes,
anfíbios, répteis, aves, mamíferos, dentre outros;
·
São triblásticos, celomados,
deuterostômios, metamerizados, com simetria bilateral e sistema digestório
completo;
·
Maioria com endoesqueleto, sistema
circulatório fechado e coração ventral;
·
Características básicas de um cordado:
Notocorda:
Estrutura
flexível em forma de bastão derivada da mesoderme no desenvolvimento
embrionário, que se forma no dorso do embrião dos cordados entre o Tubo nervoso
e o Tubo digestório. Está presente em pelo menos uma das fases do
desenvolvimento desses animais e é considerado um “cordão dorsal gelatinoso”
devido à densidade de células que a compõe.
Funções:
promove a sustentação do embrião (função primordial); formação do Tubo Nervoso
Oco Dorsal; origina a espinha dorsal; define o eixo do embrião (regiões
anterior - posterior).
Ø Protocordados
(uma parcela destes) + peixes agnatos: notocorda persiste por toda a vida e
provê suporte à fixação dos músculos segmentares;
Ø Demais
subfilos: notocorda “some” na fase adulta e surgem as vértebras.
Tubo Nervoso Oco Dorsal
Estrutura
tubular oca de origem ectodérmica cuja formação é induzida pela notocorda. Ele
forma o sistema nervoso central e periférico e recebe estímulos internos e
externos, situando o animal quanto a sua situação (seu corpo) e a do meio (ambiente
em que está inserido).
Coração Ventral
O
coração é deslocado à região ventral sob o pretexto de “proteção deste”.
Promove o transporte de sangue por vasos pulsantes. Até o subfilo Craniata, a
circulação sanguínea ocorre, num primeiro momento, através de vasos que pulsam,
apenas, que seriam o “coração” destes animais, isto é, não existe coração
verdadeiro ainda, uma vez que este, dotado de câmaras e outras estruturas, só
vai aparecer nos animais craniados.
Fendas Faringeanas
Fendas
Branquiais/faríngeas são estruturas localizadas na faringe dos animais e podem
executar diferentes funções, tais como as trocas gasosas (respiração) e,
principalmente, a nutrição (através da filtração da água, como os poríferos e
alguns moluscos, no entanto estes não possuem tais fendas, possuem outros
artifícios para captar a água).
Ø Animais
aquáticos: fendas persistem durante a vida, mesmo recebendo outras denominações
(brânquias, por exemplo);
Ø Animais
terrestres: fendas mantêm-se apenas na fase embrionária, transformando-se em
mandíbula, parte do pescoço e artéria aorta.
Músculos segmentares/miômeros em forma de W ou V
Esses
“novos músculos” estocam mais energia, proporcionando uma maior atividade aos
animais, e são responsáveis pelos movimentos de natação (fugir de predadores
e/ou mudar de localidade em busca de alimento) e escavação (como os
cefalocordados que se enterram na areia para capturarem sua comida e se
esconderem do meio externo) dos animais.
Caso
abríssemos a nossa pele (pele dos humanos), conseguiríamos ver exatamente do
que se tratam esses músculos segmentares, todos “entrelaçados”, dispostos na
mesma configuração de algumas outras espécies do Filo Chordata.
Cauda pós-anal
Após
o ânus, os cordados possuem um prolongamento do corpo sustentando pela
notocorda. Tal estrutura também possui músculos segmentares e pode servir
de/para: natação (como fora citado anteriormente); apoiar o corpo (equilíbrio);
arma de ataque e defesa (como o caso dos répteis); apreensão de objetos; dentre
outras funções. Nos humanos, a cauda se reduz e suas vértebras formam o Coccix (em algumas pessoas, no entanto,
conseguimos perceber certa protuberância nessa região, mas isso é muito raro de
se ocorrer).
Ressalta-se
ainda essa sinapomorfia, uma vez que distingui os cordados de todos os demais
animais que vieram antes deles... Artrópodes, moluscos, equinodermos, (...),
nenhum deles possui uma projeção do corpo além do ânus. Basta olha para uma
minhoca para comprovar isso: na extremidade do corpo cilíndrico situa-se o ânus
e além deste não evidenciamos nada mais.
Epitélio de revestimento
Esse
epitélio reveste o corpo dos animais os protegendo do meio ao redor. Exemplos
são: escamas (peixes); penas (aves); pelos (mamíferos); placas ósseas
(répteis). É toda uma questão de preservar o que existe e existir enquanto está
sendo preservado... tal artifício ajuda-os a sobreviver.
Endóstilo
Está
situado junto às fendas faringeanas e atuam em conjunto no processo da
alimentação. O endóstilo secreta muco e acumula as partículas em suspensão na
água que são filtradas/trazidas ao animal por meio das fendas. Nos vertebrados,
ele origina a tireóide. Atua na regulação homoestática do animal, mas a sua
principal função é a digestão.
2. Classificação dos Cordados
PROTOCORDADOS
a) Sub-filo:
Urochordata (urocordados ou tunicados)
·
Quase sempre sésseis, grudados a rochas,
algas, substratos;
·
Podem formar colônias ou não;
·
Principais representantes: ascídias;
·
Corpo com envoltório espesso: túnica
(esta pode conter celulose para possuir tal textura e espessura);
·
Notocorda:
fase larval (notocorda na cauda apenas). Adultos
pouco se parecem com os outros cordados. Tubo nervoso e notocorda desaparecem,
possuindo apenas as fendas faringianas. A larva, por outro lado, possui/apresenta
todas as 4 características básicas de um cordado;
·
A
túnica possui duas aberturas: Sifão Inalante (entra água
para a filtração) e Sifão Exalante (saída da água do corpo do animal);
·
Sistema Disgestório: completo (disgestão
extracelular por meio de enzimas, diferenciando-se, portanto, da maioria dos
demais filos). A obtenção do alimento dá-se, em suma, a partir da filtração da
água ao redor do animal (fendas faringianas e pelo endóstilo);
· Trocas Gasosas: ocorrem, principalmente, pelas fendas faringianas; e, possuem vasos capilares semelhantes às brânquias;
·
Sistema Circulatório: sistema
circulatório Parcialmente aberto (ou parcialmente fechado) – hemolinfa entra
nas bolsas (sinusoides) localizadas entre oos tecidos corporais, onde ocorrem
variadas trocas gasosas.
Apresentam,
também, coração na base da faringe. Dele, saem vasos que vão “às brânquias” e
aos órgãos do corpo;
·
Sistema nervoso/sensorial/sentidos:
-
Adultos: sistema nervoso, a certo modo, simples, com um gânglio cerebral entre
os 2 sifões e apresenta terminações nervosas por todos os órgãos (receptores
táteis também estão presentes, mas não são extremamente expressivos).
-
Larvas: tubo nervoso localizado dorsalmente (vai da região anterior à cauda).
·
Excreção: não têm protonefrídeos, por
exemplo. As células depositam as excretas diretamente na água. Fezes saem pelo
ânus que “desemboca” no Sifão Exalante e, consequentemente, vai ao meio (água a
qual está envolto).
· Reprodução:
-
Assexuada: ocorre por brotamento, podendo formar colônias;
-
Sexuada: maioria das espécies sendo monóica (hermafroditas). Ocorre, nesses
casos, metamorfose da larva em um organismo adulto (quando isso acontece, o
adulto perde a notocorda).
b) Sub-filo Cephalochordata
(cefalocordados)
·
Representantes: anfioxos, animais
exclusivamente marinhos, escavadores, de corpo achado lateralmente e afilado
nas extremidades;
·
Parecidos com as larvas dos urucordados;
·
Não se vê uma cabeça definida, apenas um
organismo “contínuo”, com cauda pós-anal e uma região anterior com tentáculos
(cirros bucais);
·
Têm
durante toda a vida as características básicas dos cordados.
Por isso, conseguimos perceber a existência da notocorda (estende-se desde a
região anterior do corpo atéa região posterior, logo abaixo do tubo nervoso oco
dorsal) nesses animais durante todo o ciclo de vida;
·
São
pequenos animais filtradores e, muitas vezes, são confundidos com pequenos
peixes devido à presença da cauda e do corpo achatado lateralmente. Além disso,
como dito anteriormente, também distinguem-se dos peixes por não apresentarem
uma cabeça definida;
·
Fendas faringianas nesses animais: num
primeiro momento, as fendas servem para alimentação e para a respiração, porém,
como será dito posteriormente, a respiração desses animais é majoritariamente
cutânea. Ou seja, a principal função das fendas é a aliementação;
·
Parede
do corpo (organização corporal):
Epiderme:
é uma camada única/simples. “Pele” é ciliada nos jovens e coberta por cutícula
nos organismos adultos. Além disso, o revestimento corporal é relativamente
transparente e permite visualizar a musculatura metamerizada organizada em
blocos, denominados miótomos, com
forma de letra V deitada (<<<<<). Os anfioxos podem apresentar de
50 a 85 miótomos, dependendo da espécie, obviamente.
Derme:
é fibrosa e composta por tecido conjuntivo (originado da mesoderme do embrião
do animal).
Musculatura:
quando a notocorda se forma, promove o aparecimento de células especializadas
na parte dorsal, cujas funções são a movimentação e a construção de abrigos.
[esplacnopleura]
·
Não possuem nenhuma defesa (diferentes
dos cnidários, por exemplo, que tinham os cnidoblatos por todos os
tentáculos/boca). O artifício que possuem é a fuga e o “hide” (se escondem). Isso
é facilitado, uma vez que possuem caudas fortes e enérgicas, impulsionando-os
rapidamente para onde desejam ir;
·
Sistema
digestório/alimentação:
- Têm: endóstilo, fendas faringianas
(apresentam, então, muco para ajudar na digestão), uma cavidade denominada
átrio (armazena/serve de passagem à água por determinado período de tempo),
boca com tentáculos e cílios longos. – além disso, os cílios e os tentáculos
também executam a função de órgãos sensoriais.
- Alimentação: anfioxos retiram
partículas de alimento da água. O batimento dos cílios das células que revestem
os arcos branquiais faz a água penetrar pela boca. A corrente de água passa
para a faringe e atravessa as fendas branquiais, caindo em uma cavidade
denominada átrio, localizada entre o tubo digestório e o revestimento corporal.
Daí, a água sai para o exterior por uma abertura, o atrióporo, localizada na
altura do terço posterior do corpo.
Partículas de alimento em suspensão na água aderem ao muco produzido
principalmente em um sulco no assoalho da faringe, o endóstilo. O muco contendo
partículas alimentares aderidas é “varrido” por células ciliadas em direção ao
intestino; não há estômago. Uma glândula em forma de bolsa, o ceco hepático,
secreta enzimas digestivas na cavidade intestinal, onde ocorre a maior parte da
digestão. Ocorrem também fagocitose e digestão intracelular, o que distingue a
digestão dos cefalocordados da dos demais cordados, que é inteiramente extracelular.
·
Sistema
circulatório: fechado, dentro de vasos sanguíneos e
sem pigmentos respiratórios à sem coração com cavidades, apenas vasos
que se contraem/pulsam constantemente. Também tem os sinusoides (bolsas com “líquido
especial”, a hemolinfa).
Os
cefalocordados têm sistema circulatório fechado. Alem dos sinusoides, há
capilares sanguíneos junto aos tecidos, o que garante a nutrição e a oxigenação
das células. O fluxo sanguíneo segue o padrão típico dos vertebrados: o sangue
flui por um vaso dorsal (aorta dorsal) para a região posterior do corpo; daí
retorna á região anterior por um vaso pulsátil localizado ao longo da região
ventral. Esse vaso contrai-se ritmicamente e impulsiona o sangue, incolor e
desprovido de pigmentos respiratórios.
O
vaso ventral ramifica-se nos arcos branquiais presentes entre as fendas
faringianas. As ramificações juntam-se na região dorsal do animal e formam um
grande vaso de cada lado do corpo, as aortas laterais. Estas fundem-se em
posição mais posterior para originar a aorta dorsal. Muitos vasos sanguíneos
dos anfioxos são capazes de pulsar, auxiliando a movimentação do sangue. Na base
dos arcos branquiais há, ainda, pequenos corações acessórios.
Ramificações
da artéria dorsal conduzem o sangue até capilares e sinusoides localizados nos
tecidos, onde há distribuição de gás oxigênio e de alimento às células
corporais e, também, o recolhimento de excreções e gás carbônico produzidos no
metabolismo do animal.
Quando
o sangue circula pela rede de capilares dos arcos branquiais, há trocas gasosas
com a água do mar que passa pelas fendas faringianas. CO2 presente no sangue
difunde-se para a água, e O2 dissolvido na água difunde-se para o sangue.
·
Trocas
gasosas: pela pele por difusão direta (cutânea) + fendas
faringianas;
·
Sistema
excretor: constituído por pares de protonefrídeos dispostos ao
longo dos segmentos corporais. Eles situam-se sob a faringe, com sua
extremidade filtradora ciliada (nefróstoma) abrindo-se pata o celoma e a
extremidade de seu canal excretor (nefridióporo) abrindo-se no átrio. Os nefrídeos
retiram as excreções do celoma e as lançam no átrio; dali saem do corpo do
animal pelo atrióporo.
·
Sistema
nervoso e sensorial: do tubo nervoso dorsal partem nervos
para regiões do corpo do animal. Curiosamente, nervos que partem da região
superior do tubo nervoso contêm apenas fibras nervosas sensitivas; nervos que
partem da região inferior contêm apenas fibras nervosas motoras. Os anfioxos
têm células especializadas capazes de detectar luminosidade, além de receptores
táteis, de olfato e de paladar.
·
Reprodução:
cefalocordados têm reprodução sexuada e são dióicos. A fecundação é externa, na
água do mar e possuem desenvolvimento “indireto” (a larva/jovem é parecida (o)
com o adulto).
Referências Bibliográficas:
http://segundocientista.blogspot.com/
https://www.todamateria.com.br/protocordados/
https://www.todabiologia.com/zoologia/protocordados.htm
https://www.coladaweb.com/biologia/reinos/protocordados-2
https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos3/bioanimal.php
https://www.infoescola.com/biologia/urocordados-ou-tunicados/
https://www.infopedia.pt/$tunicado
https://www.infoescola.com/biologia/cefalocordados-cephalochordata/#:~:text=Cefalocordados%20s%C3%A3o%20animais%20pequenos%20(cent%C3%ADmetros,S%C3%A3o%20representados%20atualmente%20pelos%20anfioxos.
https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos3/bioanimal2.php
https://embryology.med.unsw.edu.au/embryology/index.php/Notochord
https://www.britannica.com/science/notochord
Livro didático e aulas ministradas pela disciplina de Biologia do CMPA.
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